sexta-feira, 31 de julho de 2015

SECUNDARISTAS SEGUIRÃO UNIDOS CONTRA O RETROCESSO, DIZ PRESIDENTA DA UBES

Em entrevista sobre 67 anos da entidade, Bárbara Melo fala sobre os desafios e os sonhos da juventude brasileira
 Representando 50 milhões de secundaristas, a UBES completa 67 anos atravessando gerações. Na sua opinião, quais são as diferenças no perfil dos estudantes desde a fundação da entidade até hoje?
Acho que vou começar falando pelas semelhanças. Desde a criação da entidade até hoje, os estudantes secundaristas têm em comum uma vontade muito grande de transformar o país, uma forte presença nas ruas, um protagonismo especial nos momentos mais importantes da nossa história. Hoje, uma diferença muito boa é termos cada vez mais jovens conectados, uma grande rede pelo país e termos também um contexto de mais mudanças, especialmente na educação. Na última década tivemos a expansão do ensino técnico e dos Institutos Federais, mais acesso às universidades com a política de cotas, a aprovação de mais financiamento para a educação como no caso dos 10% do PIB, dos royalties do petróleo e do Fundo Social do Pré-Sal no ano passado. Lá atrás, os objetivos eram mais distantes. Hoje já podemos visualizar novos horizontes e o estudante quer participar cada vez mais desses avanços.
Quais os próximos desafios que estarão no centro da UBES no próximo período?
O governo brasileiro tem como seu slogan de gestão a “Pátria Educadora” e queremos pressionar para que ela realmente aconteça. A gente exige todos os investimentos nas escolas do Brasil, sem cortes, porque esse é o único caminho pra transformar realmente o nosso país. Além disso, uma das grandes metas da UBES no próximo período é garantir areformulação do ensino médio, construindo um currículo mais moderno e antenado com a realidade dos jovens. Continuamos muito firmes na luta pelo passe livre para todos os estudantes do país, como política básica de permanência nos estudos e também pela devida regulamentação da meia-entrada, para garantir uma formação cultural, cidadã e humana para todos os jovens. Não podemos esquecer também a luta urgente contra a proposta de redução da maioridade penal no Brasil. Já declaramos que a UBES não aceitará a criminalização da juventude. Esta luta se enquadra no combate ao retrocesso que este Congresso conservador quer promover, cortando os direitos dos trabalhadores e dos estudantes. Nós seguiremos firmes na luta para reverter essa situação e aprofundar a democracia no Brasil.
Como você vê atualmente esse crescimento do conservadorismo no Brasil? Ele está maior também entre os estudantes?
Não, não está. Essa turma do retrocesso não consegue dialogar com a juventude porque aposta no ódio, no medo, não querem mudanças, não querem um país novo. Ao contrário disso, a juventude sempre quer ir pra frente, a juventude é rebelde com as coisas que estão erradas, ela quer ter esperança, quer mais justiça social, mais igualdade, menos preconceito. Por isso, acredito que temos é de dialogar com todos os setores da juventude, a galera do movimento estudantil, da cultura, do hip-hop, do esporte e conectar as nossas ideias cada vez mais. Os estudantes do Brasil nunca apoiaram o retrocesso e nunca vão apoiar.
Em 67 anos, você é a sétima mulher a presidir a UBES. Neste contexto, como você vê a questão do empoderamento das mulheres?
É muito simbólico por ser uma mulher e por ter sido antecedida por outra, a Manuela Braga que foi presidenta entre 2011 e 2013. Hoje nosso país é governado também por uma mulher, cada vez mais mulheres estão ocupando espaços que antes eram negados. Desta forma, mostramos o quanto temos nos emancipado através do enfrentamento ao machismo, inclusive dentro do movimento estudantil, onde ainda precisamos avançar muito. Sem dúvida, essa transformação na sociedade também se reflete nas salas de aula, onde o debate sobre os preconceitos está cada vez maior. As escolas precisam incluir oficialmente essa pauta de gênero, porque é durante a formação educacional que precisamos desconstruir os conceitos do patriarcado e da submissão social da mulher.
Qual é a transformação da UBES na vida de um estudante?
Poxa, pra mim está sendo uma transformação completa e acho que é assim pra todo mundo que constrói essa entidade. Aprendemos a nos organizar em defesa de um bem comum, de respeitar as diferenças, conhecemos gente de todo o Brasil, levamos nossos sonhos pras ruas e damos nossa contribuição pra um país melhor. Essa escola da coletividade é uma das maiores escolas que um adolescente ou jovem pode ter, é a chance de viver exatamente aquilo que diz a música do Raul Seixas: sonho que se sonha só é só um sonho que se sonha só, mas sonho que se sonha junto é realidade. A UBES é isso.
Fonte: UBES

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