Reunião das lideranças das centrais sindicais do Cone Sul com a
presidenta Dilma
Coordenadora das Centrais Sindicais do Cone Sul alerta contra “golpes suaves”
Mercosul, Julho de 2015
As organizações de trabalhadores da Coordenadora de Centrais
Sindicais do Cone Sul nos unimos para lutar pela democracia em nossa região.
Trinta anos depois as estratégias das forças conservadoras nacionais e
estrangeiras para desestabilizar os governos populares são mais sofisticadas e
penetram sutilmente em nossos povos para gerar um clima de mal-estar na
cidadania.
Os governos da Argentina, Bolívia, Brasil, Equador, Venezuela e
Uruguai avançaram – ainda com acertos e erros – para a redução das desigualdades,
o melhoramento do nível de vida dos setores populares, a soberania econômica e
política frente aos grandes grupos hegemônicos e à governança global
neoliberal. E esta é a fonte da verdadeira oposição que tem exacerbado aos
poderes fáticos econômicos e políticos.
As tentativas de restauração neoliberal em nossos países já não
registram intentonas militaristas senão que se disfarçam de golpes suaves
através de estratégias conspirativas graduais capazes de promover a derrubada
de governos legitimamente eleitos.
O primeiro antecedente desta nova estratégia global
neoliberal foi o golpe de Estado contra o governo de Hugo Chávez em 2002, ao
qual devemos acrescentar o golpe perpetrado em 2009 contra o presidente de
Honduras Manuel Zelaya – con a anuência de todos os estados autodenominados
democráticos e desenvolvidos-, a tentativa falida de golpe no Equador em 2010
disfarçada de rebelião policial e tentado novamente em 2011 na Argentina, a
destituição do governo de Fernando Lugo no Paraguai com a cumplicidade do
legislativo, e as tentativas de desestabilização do governo de Maduro, de
Cristina Fernandez e Dilma Rousseff nos últimos dois anos.
As acusações comuns de corrupção, supostos ataques à liberdade
de imprensa e de empresa, populismo totalitaristas, clima de ingovernabilidade
e intrigas, mostram também cenários comuns de defesa do status quo liberal:
sistemas judiciais paralisados grupos corporativos econômicos, poderes
legislativos sem iniciativas políticas alternativas, que se expressam uma e
outra vez nos meios massivos de comunicação produtores de verdades marcadas por
interesses antipopulares e neoliberais. Manipulação psicológica, operações de
imprensa, agressões econômicas, um poder desmedido de organizações privadas e
financeiras, que fazem manobras em favor de produzir a derrubada da
independência e do poder efetivo de Estados soberanos.
Os representantes da Coordenadora de Centrais Sindicais do Cone
Sul reivindicamos a luta para alcançar uma democracia autêntica que defina a
igualdade política, porém que também permita a eliminação de toda forma de
discriminação, exclusão, desigualdade e aspire a fortalecer um enfoque de
direitos, a distribuição das riquezas e o acesso universal aos direitos
sociais, econômicos, culturais e ambientais.
Os sindicatos do MERCOSUL temos sido participantes de acionar os
meios de Comunicação dedicados a macular a toda a cidadania com uma retórica
contrária à integração regional, inclinada ao livre comércio e a uma enunciada
liberdade de mercado e abertura ao mundo. Os ataques contínuos ao MERCOSUL
calaram fundo em uma grande parte dos cidadãos de nossos países que se
expressam desdenhando o processo de integração e na falsa consciência segundo a
qual o MERCOSUL tem sido um produto falido e prejudicial para nossas nações.
A concentração dos meios de comunicação tem aprofundado o cerco
informativo e impede às mulheres e homens de exercer o verdadeiro domínio
democrático no que se refere à liberdade de expressão mais plena. Em nome desta
liberdade, os grupos privados têm potencializado sua capacidade de pôr em xeque
as instituições políticas e sociais e subvertem a democracia e a vontade de
nossos povos de mudar seus destinos e conquistar a justiça social.
Este diagnóstico sentido e compartilhado pelos trabalhadores e
trabalhadoras do Cone Sul nos exorta a lutar por uma verdadeira democracia na
Comunicação e exigimos a sanção e cumprimento das leis de desconcentração dos
capitais dos meios de comunicação, a limitação e penalidade vinculantes ante as
tentativas de monopólio e oligopólio midiático e a abertura de fontes
alternativas de comunicação para as organizações sociais, educativas,
sindicais, comunitárias, etc.
Reivindicamos a capacidade soberana de nossos Estados frente a
todos as tentativas da governança econômica global para “disciplinar” a nossas
nações, rechaçamos as políticas neoliberais, - de ajuste e austeridade, entre
outras -, que somente ampliam as desigualdades e condenam os povos à pobreza e
a perda de toda autonomia que é a causa do debilitamento e deslegitimação da
democracia.
Sustentamos a necessidade de aprofundar as transformações
econômicas e políticas, que vão desde a reforma educativa e laboral no Chile
como nas políticas de memória e justiça em todos os nossos países. Demandamos
uma política mais eficaz do MERCOSUL e da UNASUL para conquistar a justiça
social, a igualdade e o desenvolvimento sustentável na América do Sul.
Somos conscientes que a luta pela democracia segue tão vigente
como a trinta anos e que, como classe trabalhadora, resistiremos a todo tipo de
embate destes poderes fáticos contra nossos governos, porém, acima de tudo,
defenderemos categoricamente a ampliação de direitos civis, políticos, sociais
e econômicos que temos alcançado nestas três décadas de democracia
progressista.
CGTRA – Argentina
CTA Autônoma – Argentina
CTA dos Trabalhadores – Argentina
CUT – Brasil
UGT – Brasil
Força Sindical – Brasil
CTB – Brasil
CUT – Chile
CAT – Chile
CUT – Paraguai
CNT- Paraguai
CUT Autêntica – Paraguai
PIT – CNT - Uruguai
CTV – Venezuela
CBST – Venezuela
UNETE – Venezuela
Fonte: CNTE
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