Mesa de abertura da reunião deliberativa do FNDC
Democratizar a
comunicação é estratégia para o Estado de Direito
Escrito por: Érica Aragão, Felipe Bianchi e Pedro Rafael Vilela
Começou nesta sexta-feira (17),
em São Paulo, a reunião aberta do conselho deliberativo do Fórum Nacional pela
Democratização da Comunicação (FNDC), com um debate sobre conjuntura política:
“Democracia em tempos de ajuste: unidade contra o retrocesso e reafirmação dos
direitos sociais". O encontro, que reuniu a direção nacional do FNDC,
centrais sindicais, jornalistas, dirigentes sindicais e militantes, tem como
objetivo debater estratégias para fortalecer a luta por uma comunicação
democrática no país.
Na mesa de abertura, estavam presentes a Coordenadora-Geral do
FNDC e Secretária Nacional da Central Única das Comunicações (CUT), Rosane
Bertotti; o jornalista Luis Nassif (Jornal GGN); o representante da Central
Única das Favelas (CUFA), Preto Zezé das Quadras; e o dirigente nacional do
Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), João Paulo Rodrigues.
Rosane Bertotti, que coordenou a mesa, iniciou sua fala
destacando a importância de discutir a comunicação no momento de crise
econômica, política e social que o país está vivendo. “Não tem como debater
comunicação sem falar da conjuntura. A comunicação é estratégica para o avanço
da sociedade brasileira e para aprofundar a democracia”, destaca ela.
Nos tempos em que a os trabalhadores correm sérios riscos de
perdas de direitos e o país corre sério risco de um golpe institucional, o FNDC
defende a comunicação na luta pela democracia. “Democratizar a
comunicação é defender o Estado de direitos e fortalecer a democracia”, afirma
a coordenadora do Fórum.
O jornalista Luis Nassif contribuiu com o debate citando
exemplos de momentos históricos e da atualidade de como a mídia influencia a
política pelo mundo. “A comunicação, que é monopolizada e oligopolizada,
disputa um mercado de opinião. Ela passou a ser um agente de formação de
opinião vinculado ao mercado político e financeiro”, afirma Nassif. “A imprensa
não é um agente neutro, ela tem interesses comerciais e usa seu poder como
instrumento de chantagem”, complementa o jornalista. "A mídia, histórica,
é contrária aos avanços sociais".
Nassif também cita as mudanças da comunicação com o aparecimento
das novas tecnologias, como a internet, por exemplo. “Até pouco tempo só
famílias tinham jornais grandes, que só se mantinham devido à influência
política. Com a internet, esse modelo ruiu”, explica.
Para o representante da CUFA, Preto Zezé, a comunicação deve ser
tema de debate em outras instâncias para "deixarmos de falarmos para nós
mesmos". “Há protagonismo nas periferias do país que passam longe de
sindicatos e outras entidades da sociedade civil organizada. A pauta do
movimento social não pode ser só a campanha salarial”, critica Zezé.
Zezé também destaca a importância da cultura na comunicação.
“Quando se faz eventos culturais significa inserir os jovens nestes espaços de
convivência para fortalecer relações e que não deixa de ser uma disputa de
opinião, porque eles estão falando sobre tudo”, pondera ele.
"Precisamos entender porque a juventude, que são a geração
Lula e Dilma, com acesso a bens de consumo, não está integrada nessa agenda de
lutas do movimento social”, aponta. "Temos de ocupar os espaços e alcançar
as redes das periferias, se não os conservadores e poderosos ocuparão”,
finaliza Zezé.
Já João Paulo alerta sobre a importância de discutirmos a
unidade de lutas em tempos de turbulência. “A vida real mostra que a
organização do trabalho não é mais só na fábrica”, afirma João. Para ele, a
esquerda tem que unificar as pautas e listar prioridades para conseguir
disputar a narrativa. “Precisamos nos comunicar com a sociedade, com a base,
com a periferia”, sugere ele.
João Paulo mencionou que o movimento social e setores políticos
costumam avaliar três cenários de ação política. “O primeiro é o neodesenvolvimentismo,
que foi a base da última década, mas um modelo que na minha opinião tá em
crise. Tem o projeto que a esquerda vem sustentando desde a década de 1970, que
é o democrático-popular, mas que perdeu muita força institucional, e há aqueles
que defendem o ‘socialismo já’, mas que, sem grande mobilização social, pode
cair no idealismo. Se a gente não conseguir encontrar ao menos uma meta-síntese
entre essas três estratégias, vai ser difícil sair dessa crise”, finaliza ele.
O encontro, que termina neste sábado (18), vai debater também a
organização do Fórum e definir um plano de luta para o próximo período.
Fonte: CUT
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