Recente pesquisa realizada pela Organização para Cooperação e
Desenvolvimento Econômico - OCDE com membros do magistério da educação
básica de países ricos, subdesenvolvidos e em desenvolvimento, entre
eles o Brasil, revelou que as professoras e os professores brasileiros
estão entre os que mais trabalham no mundo. O trabalho em sala de aula
no Brasil gira em torno de 25 horas semanais contra 19 horas na média
dos países entrevistados. Só o Chile encontra-se acima do Brasil com 27
horas de trabalho em sala.
Outros dados preocupantes: em média, no Brasil, 20% do tempo das
aulas são dedicados para conter a “bagunça” dos estudantes, 13% para
atividades administrativas, sem contar que nossos/as professores/as
gastam 22% de tempo a mais com atividades extraclasses, 40% dão aulas em
cinco ou mais turmas e 20% atuam em mais de uma escola, segundo o censo
escolar de 2013.
As informações até agora disponibilizadas pela OCDE não dão conta das
condições de trabalho “in loco” nem sobre os salários do magistério.
Mas é muito provável que o Brasil se mantenha entre os últimos colocados
nestes quesitos. Em termos salariais, por exemplo, estávamos na quarta
pior posição no último ranking da OCDE.
A CNTE e seus sindicatos filiados atuam na denúncia das péssimas
condições de trabalho dos educadores - professores, funcionários e
especialistas - e em prol do direito à educação púbica, gratuita,
democrática, laica e de qualidade socialmente referenciada para todos e
todas.
Neste contexto de lutas, a lei do piso salarial nacional do
magistério - que, necessariamente, precisa se vincular a uma estrutura
de carreira atraente e digna - é condição essencial para melhorar as
condições de vida e trabalho dos/as professores/as e demais
profissionais escolares, que esperam a regulamentação do piso previsto
no art. 206, VIII da Constituição Federal.
Outro alento para transpor a triste realidade dos educadores e dos
estudantes, sobretudo das redes públicas, diz respeito às 20 metas e 254
estratégias do novo Plano Nacional de Educação, aprovado na forma da
Lei 13.005. Entre os compromissos do PNE estão: a garantia do acesso
universal à escola de crianças e jovens de 4 a 17 anos, além da
ampliação de creches e do fim do analfabetismo da população adulta, a
ampliação das vagas públicas nos cursos técnico-profissionais e no
ensino superior, a equiparação da remuneração média do magistério da
educação básica à de outros profissionais com mesmo nível de
escolaridade e a ampliação do financiamento educacional para 10% do PIB,
tendo como referência o Custo Aluno Qualidade.
Por outro lado, a pesquisa da OCDE ajuda a desmascarar parte dos
gestores públicos e de articulistas da grande imprensa, que tentam
culpar os professores e as professoras do Brasil pelo insucesso escolar
de milhares de crianças e jovens que ainda não contam com a devida
atenção do Estado para terem seu direito à educação respeitado. Trata-se
de gente que, além de pisar longe do chão da escola pública, tenta
confundir a opinião pública com o objetivo de beneficiar grupos privados
na disputa dos recursos públicos e dos currículos e modelos de gestão
que priorizem os interesses do mercado.
Para essas pessoas, em especial, recomendamos a leitura da pesquisa da OCDE.
Fonte:www.cnte.org.br
Nenhum comentário:
Postar um comentário