João Felício, no comando da mesa, analisa
dados coletados pela CSI
Reunido em São Paulo, Conselho Geral da confederação internacional
aprimora estratégias para defender empregos e salários no mundo
Num mundo em
que a renda do trabalho em relação ao PIB global caiu 9% nas últimas três
décadas e onde, ainda, 58% dos países excluem seus trabalhadores e
trabalhadoras da legislação trabalhista – enquanto 70% deles simplesmente
impedem a realização de greves – chega a ser pequena a proporção dos habitantes
do planeta que acreditam que o sistema econômico existe para favorecer os
ricos. Embora maioria – 75%, ainda é tímida a quantidade de pessoas que se
declaram inteiramente convencidas sobre as reais regras do jogo.
190 participantes de diversos países do mundo
É para discutir e definir ações
sindicais que combatam essa realidade global que, desde ontem, está reunido em
São Paulo o Conselho Geral da CSI (Confederação Sindical Internacional). O
encontro, primeiro a ser realizado pela entidade na América Latina, tem como
tema “Reforçar o Poder dos Trabalhadores e Trabalhadoras”.
Os dados citados acima fazem parte de documentos entregue aos
190 participantes, vindos de diferentes países. O conjunto de informações vai
nortear os debates e ajudar na feitura de resolução final do encontro, que se
encerra na próxima segunda-feira. Muitos dos dados foram abordados em
apresentação da secretária-geral da CSI, Sharan Burrow.
O presidente da CSI, o professor brasileiro João Felício,
ex-presidente da CUT, explica que o Conselho Geral está reunido para afinar as
estratégias que serão usadas para atingir os objetivos traçados até 2018.
“Numa conjuntura internacional como essa, nosso maior desafio é
proteger os empregos. Isso exige um conjunto de ações, para resistir aos
ataques brutais que os trabalhadores e trabalhadoras estão sofrendo em todo o
mundo”, diz Felício.
Um dos pilares para essa defesa é o fortalecimento dos próprios
sindicatos, o que expõe uma situação contraditória, uma vez que o mercado de
trabalho enfraquecido tende a retrair a ação sindical. “Os sindicatos sofrem
ataques na maioria dos países. Isso implica aumentar nosso poder de
representação”, completa o presidente da CSI. Ele esclarece que até 2018, o
objetivo da CSI é aumentar em 20 milhões o seu número de filiados, chegando
então a 200 milhões de trabalhadores e trabalhadoras. A CSI é integrada por
centrais sindicais nacionais, como as brasileiras CUT, Força, UGT e Nova
Central, que por sua vez calculam a quantidade de trabalhadores e trabalhadoras
filiados a partir de seus sindicatos.
Sharan: pressão sobre os governos
Contra a cobiça
“Pelo fim da cobiça corporativa” é o lema de uma das campanhas
que vêm sendo realizadas pela CSI, explica Sharan Burrow. E resume uma linha de
ação, entre outras, adotadas pela CSI. “Devemos pressionar os governos a se
posicionarem contra a predominância do mercado e do sistema financeiro sobre as
políticas”, disse durante sua apresentação.
Uma das marcas da CSI é sua diversidade. As centrais que a
compõem, além de obviamente manifestarem realidades locais diversas, possuem
concepções políticas também diferentes.
O que as une é a certeza de que o mercado de trabalho no mundo
inteiro vem se deteriorando, especialmente após o início da crise
internacional, em 2008. Há, porém, locais na Terra em que as condições de vida
são cronicamente precárias, não importa o período, como é o caso, destacado nos
documentos apresentados para o encontro da CSI, da Palestina.
Para dar conta dos desafios, a CSI está concentrando seus
esforços em algumas linhas de atuação gerais que, crê, devem ter participação
do movimento sindical:
- eliminar a escravidão
- erradicar a pobreza extrema até 2030 (em consonância com as
metas propostas pelo Banco Mundial)
- eliminar a fome e garantir a segurança alimentar
- garantir políticas educacionais inclusivas
- promover igualdade de gênero
- promover novas formas de energia limpa
- orientar os países a um
crescimento econômico sustentável
- incentivar novo ciclo de industrialização
- reduzir desigualdades entre os países
- acompanhar e pressionar por mudanças que combatam o
aquecimento global e que proporcionem o surgimento de novas modalidades de
emprego
- contribuir para paz, justiça e democracia
Felício: Meta de atingir 200 milhões de filiados
Nobel da Paz
Simbólica quanto à contribuição que o movimento sindical pode
dar na superação desses desafios foi a homenagem feita ontem a Houcine Abassi,
secretário-geral da central tunisiana UGTT. Ele - e sua entidade por extensão –
recebeu o Nobel da Paz 2015, por sua participação no diálogo quadripartite
nacional que garantiu as eleições naquele país, logo após a promulgação da
Constituição, ocorrida um ano antes do prêmio. Abassi fará na manhã deste
domingo uma conferência de imprensa.
O secretário
de Relações Internacionais da CUT, Antonio Lisboa, fez uma saudação aos
visitantes e disse que a Central
está aberta para debater a
conjuntura brasileira.
“Sei que as notícias que vocês estão recebendo em seus países são produzidas
pela imprensa tradicional, que é um dos atores da disputa política em curso no
Brasil. A CUT preparou um resumo com nossa visão sobre os fatos, que será
entregue a vocês”, disse.
Fonte: CNTE
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